
Coleção Coletividade
Quatro espetáculos sobre histórias
que mudaram uma coletividade.
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A Escola
Quando o professor aqui chegou não nos quis ensinar a ler. Disse que havia coisas mais importantes. E perguntou-nos o que é que nos interessava. A serra, disse alguém. Então, o professor pegou em nós e fomos ver a serra. Nunca tínhamos tido um professor, não sabíamos o que esperar dele. Assumimos que era assim. Um dia, alguém recebeu uma carta. “Professor, diga-me o que aqui está” “Não vou ler a tua correspondência. Se queres saber, tens de aprender a ler.” “Então, quero aprender a ler”.
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A Eletricidade
Há sempre uma razão para que a eletricidade chegue a um lugar. Nesta aldeia, foi porque íamos inaugurar o teatro. Depois de décadas a fazer teatro em adegas, à luz de lâmpadas de óleo, conseguimos juntar o dinheiro suficiente para construir o teatro. Quando o inaugurámos, cumpriu-se um outro desígnio: trouxemos a eletricidade para a aldeia.
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O Espanto
A carrinha parou no adro da igreja. Saiu de lá um homem com uma guitarra, e outro com uma caixa. Da caixa saiu um boneco. O homem da guitarra começou a tocar, e o boneco como se por magia ou milagre ganhou vida.
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O Amor
Alguém aqui é avô ou avó? Quantos netos tem? Quantos filhos? Quantos ramos nasceram do tronco da vossa árvore genealógica. Quantas vidas surgiram de um casal. Venho de uma aldeia que nasce de um amor. Duas famílias juntam-se, e nasce uma multidão. Quando dois apaixonados querem, pode nascer um país.